sábado, 8 de agosto de 2009

Maria-Fumaça Noturna !


A viagem de Maria-Fumaça, entre Tiradentes e São João del-Rei,operada pela Ferrovia Centro Atlântica , ganhará versão noturna. Em dias pré-determinados, o trem percorrerá os 12 quilômetros entre as duas cidades em passeio que promete emoções sob a luz das estrelas.
A idéia surgiu no ano passado no aniversário de 100 anos da locomotiva.

Uma experiência de charme !!!!

Os passageiros serão recebidos por atores representando personagens do século passado, como jornaleiro, vendedor de flores e baleiro, entre outros. Após a recepção eles se juntam aos viajantes e promovem uma interação dentro dos vagões com muita música e teatro. E as surpresas não param por aí, na estação de São João del-Rei será preparada a Estação do Sabor, onde alguns restaurantes estarão reunidos para servir os passageiros.

Há também o vagão fotográfico, onde as pessoas podem tirar fotos com roupas de época.
A Maria-Fumaça foi inaugurada em 1881 por dom Pedro II e é a única locomotiva a vapor que transporta passageiros, com bitola de 76cm – também conhecida como bitolinha, ainda em atividade no mundo. O percurso passa por fazendas centenárias, rios e montanhas.

Tô na fila! Já pensou se "eu" enquanto "Marília" dô de cara com o meu Dirceu ???

UAU!

Marília de Dirceo


Apesar do sofrimento e luta ,os Inconfidentes também poetizavam .
O desembargador luso-brasileiro e inconfidente Tomás Antonio Gonzaga amava Maria Dorotéa Joaquina de Seixas Brandão - a pastora Marília .
E no exílio em Moçambique escreve Marília de Dirceo, que lhe rendeu e rende o título de um dos mais afamados poetas mineiros .
Um encanto as 33 liras escritas na prisão . Uma declaração de amor .Desfrute de um trecho da Lira I :
"Os teus olhos espalham luz divina,
A quem a luz do Sol em vão se atreve:
Papoula, ou rosa delicada, e fina,
Te cobre as faces, que são cor de neve.
Os teus cabelos são uns fios d’ouro;
Teu lindo corpo bálsamos vapora.
Ah! Não, não fez o Céu, gentil Pastora,
Para glória de Amor igual tesouro.

Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela!

Leve-me a sementeira muito embora
O rio sobre os campos levantado:
Acabe, acabe a peste matadora,
Sem deixar uma rês, o nédio gado.
Já destes bens, Marília, não preciso:
Nem me cega a paixão, que o mundo arrasta;
Para viver feliz, Marília, basta
Que os olhos movas, e me dês um riso.

Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela!

O Inconfidente

Inconfidente-: Infiel ao REI , aquele que conspira contra o REI ....
Joaquim José da Silva Xavier era chamado Tiradentes .
Por quê ?
simples : porque tirava dentes ,sem ter passado pela odontologia.

Não lhe faltavam qualidades : era inteligente,ativo,franco, leal,enérgico. Sabia regularmente o latim e francês. Conhecia mineralogia como poucos aqui em Minas. Media terras como qualquer agrimensor .

CORAÇÃO DE OURO !
dinheiro não valia nada . A dor alheia fazia-o sofrer como se fosse sua própria dor .
Era orador e orador de palavra fácil , quente e arrebatada .
o início de sua fala no Rio de Janeiro :

"O Brasil já pode viver por si próprio .O ouro que mandamos para Portugal basta para vivermos felizes no Brasil. Não podemos ser mais o que somos. Haja o que houver, precisamos ser livres.O país não progride porque não tem liberdade ."

Tiradentes - a chegada



e depois destes cenários tão bem descritos por Cecília Meireles, repletos de história, poesia, nostalgia e sofrimento chega-se a Tiradentes .
Entrar na vila e dar de cara com a imponente Serra de São José é dar um passo de volta ao passado .

Toda a história de Tiradentes está intimamamente ligada á exploraçao do ouro nesta serra de expressiva beleza , que hoje compõe uma harmoniosa integração entre os patrimônios histórico-arquitetônico e cultura.
Entrando na cidade chega-se ao Largo das Fôrras, chamado Praça Tiradentes . Ela foi projetada por Burle Marx e é um ponto de convergência em tudo o que acontece lá .Isto remete aquele sentimento de Minas ,de que estamos sempre cercados por uma praça para nos encontrarmos para prosear.

Cenário II


As mesmas salas deram-me agasalho
onde a face brilhou de homens antigos
iluminada por aflito orvalho .

De coração votado a iguais perigos,
vivendo as mesmas dores e esperanças ,
a voz ouvi de amigos e inimigos .

Vencendo o tempo, fértil em mudanças
conversei com doçura as mesmas fontes,
e vi serem comuns nossas lembranças.

Da brenha tenebrosa aos curvos montes,
do quebrado almocafre aos anjos de ouro
que o céu sustém nos longos horizontes,

tudo me fala e entende do tesouro
arrancado a estas Minas enganosas,
com sangue sobre a espada,a cruz e o louro.

Tudo me fala e entendo:escuto as rosas
e os girassóis destes jardins que um dia
foram terras e areias dolorosas,

por onde o passo da ambição rugia;
por onde se arrastava,esquartejado,
o mártir sem direto de agonia.

Cecília Meireles - ( do Romanceiro da Inconfidência )